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Alexandre Galgani e a medalha que mudou o tiro paralímpico brasileiro

28 MAI 2025

No cenário paralímpico, o tiro esportivo desponta como uma das modalidades mais técnicas e emocionantes, unindo concentração extrema, preparo mental e resistência emocional.

Cada disparo é resultado de disciplina, resiliência e adaptação às condições físicas individuais, compondo um espetáculo silencioso de superação e excelência.

Mais do que uma competição, o tiro paralímpico representa uma celebração da capacidade humana de se reinventar frente aos desafios.

Uma jornada que começou em Toronto

O tiro esportivo paralímpico estreou oficialmente nos Jogos de 1976, em Toronto, exclusivamente com participação masculina. A inclusão das mulheres veio apenas quatro anos depois, dando início a um processo de evolução contínua.

Desde então, o esporte passou por uma série de ajustes técnicos e estruturais, adaptando regras, equipamentos e categorias para garantir equidade competitiva entre atletas com diferentes graus de limitação.

Hoje, as provas são organizadas com base em classificações funcionais, que determinam as necessidades de suporte e posicionamento do atirador. Além das disputas individuais, há provas mistas e eventos que utilizam diferentes posições de tiro, como deitado, em pé e sentado, de acordo com a classe esportiva.

O objetivo é simples e poderoso: eliminar barreiras que se interponham entre o talento do atirador e seu desempenho em competição.

A trajetória brasileira e a volta por cima

O Brasil esteve presente na estreia da modalidade, mas sua presença só se firmou a partir de 2008, com o retorno às disputas por meio de Carlos Henrique Procopiak Garletti.

O grande impulso, no entanto, veio com os investimentos feitos a partir dos anos 2000, quando o Comitê Paralímpico Brasileiro passou a dar maior atenção à estruturação da modalidade. Esse trabalho culminou em um feito histórico nas Paralimpíadas de Paris 2024: a primeira medalha brasileira no tiro esportivo paralímpico.

Alexandre Galgani: foco, técnica e superação

Natural de São Paulo, Alexandre Galgani teve sua vida transformada após uma lesão medular aos 18 anos. Encontrou no tiro esportivo uma nova forma de propósito, iniciando uma jornada marcada por técnica refinada, preparo psicológico e constância.

Competindo na classe SH2, destinada a atletas que precisam de suporte para sustentar a arma, Galgani brilhou na prova R5 (carabina de ar 10 metros, deitado misto). Com 254,2 pontos, conquistou a prata em uma disputa acirrada, atrás do francês Tanguy de la Forest e superando a japonesa Mika Mizuta. O resultado foi fruto de anos de dedicação silenciosa, treino técnico apurado e força mental.

Regras, equipamentos e classificação funcional

As provas seguem as diretrizes da ISSF (Federação Internacional de Tiro Esportivo), adaptadas pelo Comitê Paralímpico Internacional. São utilizadas carabinas e pistolas de ar comprimido, com alvos posicionados a distâncias de 10, 25 e 50 metros. Os atletas são divididos em duas classes principais:

  • SH1: atiradores que conseguem sustentar a arma sem auxílio externo;

  • SH2: atiradores que necessitam de suporte, geralmente por limitações nos membros superiores.

A padronização dos equipamentos e das regras garante que o foco esteja na habilidade esportiva, não na limitação física.

Um futuro promissor para o Brasil

A conquista inédita em Paris não foi apenas um marco individual, mas a prova do amadurecimento de um projeto esportivo inclusivo e bem estruturado. O sucesso de Galgani abriu caminho para uma nova geração de atletas paralímpicos brasileiros no tiro esportivo, mostrando que o país pode ser competitivo também nessa modalidade.

Para a loja Coronel Armas, de Campinas (SP), a tendência é de expansão: com mais incentivo, visibilidade e investimento, o Brasil se aproxima de um cenário em que o tiro paralímpico terá papel de destaque em futuras edições dos Jogos. Um futuro de mais medalhas, mais histórias inspiradoras e um esporte cada vez mais acessível e valorizado.

Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse: 

https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/

https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/2024/09/01/alexandre-galgani-conquista-prata-primeira-medalha-do-brasil-no-tiro-esportivo-em-paralimpiadas.ghtml


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