
Entre as quatro áreas da balística, a terminal é a que se debruça sobre o instante mais decisivo de todos: o momento em que o projétil atinge o alvo. Mais do que um estudo técnico, trata-se da análise de como a energia acumulada se transforma em dano.
É nessa fração de segundo que o comportamento do projétil revela suas reais consequências, tanto para a medicina quanto para a ciência forense. Ao contrário da trajetória controlada no cano da arma ou no percurso pelo ar, aqui o cenário é imprevisível e repleto de variáveis orgânicas.
Entenda tudo sobre balística terminal neste artigo especial da loja Coronel Armas, de Campinas (SP), preparado exclusivamente para você!
O que influencia a gravidade dos efeitos?
Quando uma bala colide com um alvo, o resultado depende de uma combinação entre a estrutura do corpo atingido e as características do projétil. Fatores como velocidade, massa, densidade seccional, tipo de ponta e capacidade de deformação são determinantes.
Projéteis expansivos, por exemplo, têm maior potencial destrutivo por se abrirem no interior do corpo, aumentando a área de impacto e transferindo energia de forma mais eficiente.
Já o tipo de tecido atingido altera a forma como a energia é dissipada. Órgãos como o fígado, com baixa elasticidade, são altamente suscetíveis à cavitação — um fenômeno em que o tecido se distende violentamente, formando cavidades temporárias bem maiores que o diâmetro da bala.
Três mecanismos principais de dano
Na balística terminal, os ferimentos são originados por três efeitos distintos e muitas vezes sobrepostos:
-
Laceramento e esmagamento: o dano direto gerado pelo trajeto do projétil ao atravessar tecidos.
-
Cavitação: criação de cavidades temporárias causadas pela energia do disparo, que distendem e rasgam estruturas.
-
Onda de choque: presente principalmente em projéteis de alta velocidade, gera variações de pressão que podem afetar regiões não atingidas diretamente.
Em certos órgãos, a cavitação pode causar rompimentos mesmo a centímetros de distância do trajeto da bala.
Tipos de ferimentos balísticos
As lesões são classificadas de acordo com o comportamento do projétil dentro do corpo:
-
Penetrantes: o projétil entra, mas não sai.
-
Perfurantes: deixam orifício de entrada e de saída.
-
Avulsivos: causam perda expressiva de tecido, geralmente com munição de alta energia.
Na análise forense, feridas de entrada tendem a ser regulares, enquanto as de saída mostram bordas irregulares e maior diâmetro.
Disparos à queima-roupa podem deixar vestígios de pólvora, queimaduras e explosões internas de gases — ocorrências que podem provocar destruição superior à esperada para o calibre utilizado.
Comportamentos inesperados após o impacto
Apesar de serem projetadas para voar em linha reta, as balas raramente mantêm esse trajeto dentro do corpo humano. Tecidos musculares, densidade óssea e até líquidos corporais alteram a direção, criam rotação e mudam o ponto de saída.
Fraturas provocadas por projéteis geram fragmentos que se tornam novos agentes lesivos, ampliando o dano. Em estruturas como o crânio, é comum o efeito de “buraco de fechadura”, onde a entrada parece maior que a saída, devido ao rebote ósseo.
Casos raros incluem embolia por projétil, em que fragmentos metálicos entram na corrente sanguínea, e intoxicação por chumbo em situações de alojamento prolongado de projéteis, levando ao chamado plumbismo crônico.
Para saber mais sobre balística terminal, acesse:
https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/
https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/
TAGS: